segunda-feira, novembro 20, 2006

Embaixadas de Portugal



Chama-se Miguel Valle de Figueiredo e é um dos melhores fotógrafos que conheci. Tem um talento proporcional ao mau génio, mas a quem sabe tudo se desculpa.
Em projectos de comunicação, destinados ao público e não a elites, há enorme pressão exercida por editores e designers sobre o fotógrafo e a fotografia. De editores de fotografia, já se sabe, todos temos um pouco.
O Miguel é um dos profissionais que melhor se defende – talvez seja essa a sua melhor qualidade. Só faz as concessões que entende aceitáveis, pois é daqueles que prefere quebrar a torcer. O seu trabalho foi, durante muito anos, exposto na revista "Volta ao Mundo", consolidando uma qualidade fotográfica que, mesmo desvirtuada, travestida e poluída, o público ainda associa à revista.
Foi lançado agora nas livrarias o seu último projecto. Chama-se "Embaixadas de Portugal" e regista, em película, os edifícios que nos representam no estrangeiro. Edifícios velhos e edifícios novos. Em ruínas ou bem conservados. Nas capitais industrializadas ou em cidades em vias de desenvolvimento. Em ícones da lusofonia ou em destinos exóticos que poucos laços mantiveram com a nossa história.
António Sérgio escreveu que a promoção de um país no Mundo faz-se pela valorização das pedras vivas (as pessoas) e não das pedras mortas (os edifícios).
Permita-me o escritor que o corrija: pelos olhos do Miguel, as pedras mortas ganham vida.

1 comentário:

jpt disse...

nao conhecendo (ainda) o livro nao posso deixar de concordar com o teor do post - e, muito em particular, com o mau feitio